
Falando sobre espontaneidade de modelos que eu já cliquei anteriormente Almir me disse que o segredo era a direção de pessoas, que isso é mais importante que o aparato de equipamento, de luz, complexidade de esquemas, etc. O mais importante é a emoção.
E como aprender a dirigir? Difícil hein? Acho que só prática, prática e prática, mais um pouco de leitura, muita conversa e um tanto de cara de pau. A gente vai aprendendo.
O que complica às vezes é que tanta coisa a administrar, equipamento, luz, fotometria, locação, etc., que a gente pode até fazer um bom trabalho, mas às vezes diminui o mais importante em fotografia, a diversão.
A maioria dos fotógrafos começou como um hobby, como uma atividade recreativa, que só trazia prazer, e eu não sou diferente deles. Mas quantos, ao começarem a fazer algo mais sério, com propósitos mais definidos, perdem essa essência de diversão, de prazer? Perdidos em f-stops, cargas de bateria ou o ISO que não foi o ideal, esquecemos das fotos boas e dos momentos legais para pensarmos no que não foi 100% e que com certeza podia ser melhor. Eu não sou tão diferente deles.
Almir Jr sempre me dizia isso, relaxe mais, curta mais e no final tudo saíra melhor, dizia ele. Não obstante todos saibam que ser auto-indulgente não melhore os resultados, e que nós devemos ser os nossos maiores críticos, se ao final de tudo, das horas de planejamento, da pedreira da execução, do tempo de edição, fotografar não trouxer o prazer que deve trazer, é hora de repensar.
Depois de uma breve pausa por motivos profissionais alheios à fotografia, relendo o livro “O momento do Click” de Joe Mcnally, em uma passagem ele diz que um editor de fotografia mostrou uma foto engraçada de uma mulher com a cara toda maquiada com confeitos de bolo. Ele disse a Mcnally que a fotógrafa era especial porque fazia as pessoas se submeterem a coisas assim, mesmo que em técnica Joe fosse muito melhor que ela, segundo ele. Posto isso, ele disse, eu contrato ela, pois é capaz de fazer coisas assim, e não contrato você. Você se leva a sério demais! É preciso fazer coisas diferentes. Foi o que ele disse.
Eu li isso e lembrei-me das palavras de meu mestre Almir Jr, de como eu me divertí fazendo fotos com alguns amigos e mesmo trabalhando como assistente dele em trabalhos difíceis, subindo duna no calor de praia com equipamento nas costas, um dia inteiro num estúdio frio, mas com a energia da alegria, amizade e companheirismo. Diversão com resultado, essa é a meta.
Que em 2010, eu e muitos de nós fotógrafos façamos nosso trabalho, mas não nos levemos a sério demais, diversão é parte do combustível que nos move. Feliz Ano Novo a todos!