quinta-feira, 21 de maio de 2009

Exposição é coisa de interpretação...

Uma das coisas mais interessantes do strobist é a possibilidade de experimentar. Parece que, em estúdio, os fotógrafos renomados sempre tem às mãos tudo de que precisam para fazer aquela luz, montar aquele set e obter o resultado esperado. Não é bem assim; Acompanhando outros fotógrafos, in loco, ou lendo sobre a atividade deles, vejo cada vez mais que flexibilidade, criatividade e atitude fazem parte da busca da imagem que muitas vezes nem se imagina como foi feita, nem quanto de trabalho que deu para dar aquele resultado. Pior que isso é quando o leigo diz, “é apenas uma foto”, “isso aí é photoshop’’, e mais algumas pérolas.

Gosto do strobist por levar-me a práticas que teoricamente já tencionava em meu trabalho autoral. Já questionava há tempos esse determinismo de fotômetro, de exposição automática, de que tudo deve estar devidamente exposto, claro, identificado. Senão se trava a exposição no “zero” do fotômetro, para muitos “a foto não foi bem feita”. Vendo recentemente o ótimo DVD triplo “Lightroom 2.0” do Clício, ele fala justamente disso em ponto onde ensina a determinar o ponto de preto e o ponto de branco conforme o histograma, e diz, “a técnica é a técnica, mas acima dela está a interpretação que eu dou à imagem; o lightroom é o laboratório dos anos 2000 e continuamos a ter a obrigação de colocar na imagem nossa interpretação da mesma, na luz, nos elementos, no corte”.

Porque eu to falando disso tudo? Porque dia desses decidi fazer uma experimentação com strobist usando meu irmão, Iago, um fundo preto de tecido, um flash SB800 em uma sombrinha difusora montados em um tripé WF através de um suporte para flash e sombrinha tipo haste (diferente dos montecristo que uso hoje em dia). A idéia era: Fazer uma foto de meu irmão de 16 anos para ele parecer mais velho, mais atitude, com personalidade, e que a foto chamasse a atenção dos amigos dele no orkut, Rs! Meu irmão é bem diferente da irmã dele, Yara, que posa pra mim com muita facilidade. Ele fica meio sem graça, cara de menino mesmo, mas nesse dia tava bem tranqüilo e se concentrou.

Montei o set colocando o flash e a sombrinha bem lateralmente, de forma a iluminar o rosto dele até pouco da metade, deixando o outro lado mais escuro. Já esperava criticas quanto ao fato de não fazer o basicão, de meter o flash frontal ou dois a 45 graus e assim iluminar o rosto todo. Já esperava também que me indicassem um flash em contra, para dar o contorno da cabeça dele no lado em que a luz não incide tanto. Gostei até dessa segunda opção, o uso de flash em contra (com ou sem snoot) é algo que tenho pensado para próximos trabalhos, como luz de recorte, mas nesse caso eu queria mesmo uma luz dramática, o lado do rosto. E porque não fazer o basicão? Porque eu creio que o básico eu posso fazer mais facilmente, é mais “receita de bolo”, e não adianta fazer o básico querendo algo diferente, é como plantar uva e querer colher laranja, então pra fazer algo diferente, a execução tem que ser diferente.

Certo, errado? Acho que isso é algo muito banal de discutir, continuo a achar que a exposição correta, subexposta, ideal, ou superexposta, continua sendo aquela que está plenamente de acordo com a idéia da foto que se quer passar. E assim vamos no difícil caminho de gerar uma identidade visual, uma assinatura estilística.


Esse foi o resultado final, dentro do pretendido, essa e mais outra na versão em P&B com ele ainda mais sério foram as escolhidas:



Mas como na vida raramente a gente faz apenas o que quer, modifiquei um pouco a posição da sombrinha em outra foto para dar uma leve iluminada na face oposta de Iago apenas para
contorná-lo:
Até a próxima!

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